sábado, 26 de janeiro de 2013

MINEIROS DA CRM ENTRAM EM GREVE E PRODUÇÃO DE ENERGIA PODE FICAR COMPROMETIDA

"Apenas cinco, dos 300 funcionários, trabalham na extração do carvão."
 
Os mineiros, funcionários da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), de Candiota começaram uma greve ontem. A partir das 8h, horário de começo do expediente, cerca de 95% dos 300 profissionais, segundo dados do Sindicato dos Mineiros de Candiota, aderiram ao movimento e se instalaram em frente a sede administrativa da empresa, que abriga banheiros e refeitório.
O que deflagrou a greve foi a negociação do reajuste que se iniciou no dia 1º de setembro, data base da categoria. De acordo com o presidente do Sindicato, Wagner Lopes Pinto, a solicitação dos mineiros é de que o aumento real seja de 5% mais o índice da inflação. A contraproposta da CRM dá conta de 1%. Como não houve entendimento, os funcionários pararam as suas atividades. Quanto aos demais funcionários da empresa de mineração, Pinto explica que em Porto Alegre só funciona a parte administrativa da Companhia e que em Minas do Leão, não existe mais a atividade mineira. Portanto, em Candiota estão todos que poderiam aderir ao movimento.
O sindicalista conta que a categoria está cansada de ser desvalorizada e que faz dois anos que eles não recebem reajuste de ganho real. “A arrecadação da empresa aumentou em 80% na produção da fase C e os trabalhadores não receberam nada em relação a essa arrecadação.” Ele acredita que agora é a hora do trabalhador, já que no ano passado os cargos com função gratificada, ganharam 50% de reajuste. O piso salarial da categoria dos mineiros é de R$ 772, por oito horas diárias de trabalho.
O presidente chama atenção para o que pode se tornar um grande transtorno para todo o Estado. Ele conta que se eles pararem totalmente os trabalhadores, os 20% de energia que estão sendo produzidos para o Rio Grande do Sul, através do carvão, pelos trabalhadores da CRM, pode ser interrompido. “Nós convocamos cinco mineiros para trabalhar no receptário do carvão da Companhia de Geração Térmica de Energia (CGTEE) para que não se desligue a Usina.” De acordo com Pinto, caso esses funcionários não sigam o trabalho, a Usina corre o risco de não produzir mais energia através do carvão.

Preocupações administrativas da categoria
Outro problema que preocupa os mineiros é a questão da terceirização de alguns postos de trabalho. “Há dois anos está se falando em concurso, mas ao invés disso, a CRM contrata empresas terceirizadas para fazer o trabalho.
O preenchimento do Perfil Profissiográfico Profissional (PPP), de forma correta conclui os anseios dos trabalhadores. No documento deve constar as condições de trabalho do profissional e que auxilia na aposentadoria do funcionário. “O PPP não está sendo preenchido corretamente. O que nos prejudica na hora da aposentadoria, pois tira o direito de recebermos adicionais pela questão da insalubridade sobre a qual trabalhamos.”

Acordo
Durante reunião, que aconteceu ontem às 16h, em que estavam presentes a direção da CRM, o presidente, Elifas Simas, direção e presidência do Sindicato foi acordado somente as pautas administrativas, são elas: PPP, pagamento de horas extras e acerto sobre o desconto da contribuição que deve ser dado ao sindicato nas datas de dissídio.
Já a resolução da questão salarial foi adiada para a próxima segunda-feira e será discutida no tribunal do dissídio, em Porto Alegre.
Conforme com o presidente da CRM, a proposta salarial não foi discutida na ocasião, mas continua sendo de 1%. Quanto ao prejuízo na produção de energia para o Estado, Simas afirmou que a produção não deve reduzir e que ficou acordado com os mineiros que eles mantenham a entrega de carvão e o manuseio do pátio da Mineradora funcionando, caso isso não ocorra a negociação será levada a outra instância. “É responsabilidade dos funcionários manter a produção”.
Para dar conta da produção, serão convocados, em cada turno de 8 horas, cinco funcionários para dar continuidade ao trabalho. Até que a situação seja resolvida, os mineiros ficarão acampados, 24 horas por dia, na sede administrativa da CRM.


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